Ainda me lembro como se fosse ontem, estava
voltando da festa de natal na casa da família de minha esposa Sofia, estávamos
felizes, porem tudo mudou quando chegamos em casa.
_ Noite feliz, noite feliz... _ Cantava
minha filha enquanto entrava em casa.
_ Papai, o que será que o papai Noel vai me
trazer este ano? _ Disse ela sorrindo para mim.
Eu particularmente sempre gostei que ela
acreditasse no papai Noel, queria que minha filha se tornasse uma sonhadora um
dia e que acreditasse ser capaz de um grande futuro.
_ Não sei filha, talvez uma boneca bem
grande, do tamanho do seu papai Noel. _ Respondi olhando para o grande boneco
ao lado da árvore.
Tínhamos um boneco de tamanho real do papai
Noel em nossa sala, cheguei a brincar com minha filha que ele criava vida a
noite para pegar seus presentes e coloca-los embaixo da árvore.
Me arrependo até hoje por possuir aquele
boneco. No meio da madrugada ouço um barulho vindo da sala, a princípio pensei
ser minha filha tentando ver o papai Noel trazendo seu presente.
_ Noite feliz, noite feliz... _ Cantava ela
para o boneco do papai Noel, que estranhamente não estava mais na mesma
posição.
De fato, ela estava na sala, porem congelei
quando vi que ela não estava só.
_ Mãos para cima, isso é um assalto, se sua
filha não tivesse feito barulho eu sairia numa boa daqui sem precisar machucar
ninguém. _ Disse o ladrão vestido de papai Noel.
_ O que está acontecendo amor? _ Disse
Sofia entrando na sala, mal conseguindo abrir os olhos.
O ladrão estava armado e pela segurança de
minha família decidi não reagir, permiti que ele me amarrasse junto a Sofia,
porem minha filha foi levada ao quarto dela.
_ O que você vai fazer com ela? _ Perguntei
em desespero.
_ Gostei da música que ela cantava antes de
você chegar e me interromper. Eu a mostrarei o presente que o papai Noel trouxe
este ano para ela. _ Disse ele a empurrando para dentro do quarto.
Desde aquele dia eu passei a odiar esta
música do fundo do meu coração.
_ Noite feliz, noite feliz... _ Dizia ele
enquanto a amarrava na cama.
_ Ó senhor, Deus de amor... _ Dizia ele
enquanto subia encima do pequeno e frágil corpo de minha filha.
Ele a abusou cantando esta música infernal,
que desde então não saiu de minha cabeça por um ano.
_ Pare, seu doente, solte ela, você é um
monstro, faça o que quiser de mim, mas POR FAVOR SOLTE ELA. _ Eu tentava
argumentar, negociar, gritar, ou qualquer outra coisa que pudesse faze-lo
parar.
Sofia chorava, assim como eu, vendo aquele
monstro tirando toda a inocência de nossa filha. Como se isso não bastasse ele
terminou de cantar a música.
_ Dorme em paz, ó Jesus. _ Disse o ladrão
após terminar o estupro, atirando na cabeça da menina.
_ SEU FILHO DA PUTA, DESGRAÇADO. Não
adianta você fugir, sua maior preocupação a partir de hoje não será com a
polícia, pois o dia que eu te encontrar vou fazer você pagar por destruir minha
família. _ Gritei enquanto ele fugia por uma janela quebrada.
Depois deste crime Sofia precisou de meses
de tratamento para combater uma depressão profunda que ela se encontrava, porem
eu não estava tão triste quanto ela, devido ao fato de acharem quem foi o
estuprador assassino de minha filha.
A excelente justiça de minha cidade o
considerou inocente, visto que era uma noite escura e ele estava fantasiado de
papai Noel, meu vizinho poderia ter se enganado quanto a identidade do
suspeito, porem tinha certeza que era ele.
Depois da denuncia paguei um amigo meu para
que hackeasse seu celular e descobri diversas fotos de minha filha,
completamente nua e assustada, com o rosto cheio de lágrimas.
Aquelas imagens quase me fizeram vomitar, a
última lembrança que eu tinha dela viva era uma foto de suas genitais
mergulhadas em sangue e sua cabeça baleada.
Enfim chegou novamente o natal e fomos para
a festa da família de Sofia, não havia lhe contado da existência dessas fotos
para ela e muito menos que já sabia quem foi o culpado de tal atrocidade.
Saindo da festa, digo para ela ficar com
sua mãe aquela noite, de certa forma isso a ajudaria a melhorar, um colo de mãe
pode fazer milagres.
Por conhecer o homem que causou tudo isso
já era de meu conhecimento o seu endereço, entrei em sua casa da mesma forma
que ele havia adentrado a minha, por uma janela quebrada.
Vi o momento que ele chegou e abriu a
porta, apenas lembro do barulho da paulada em suas costas antes que ele caísse
desmaiado no chão da sala, foi quando a tortura começou.
O homem acorda com a canção:
_ Noite feliz, noite feliz... Se lembra
desta música? Lembra o que você me causou enquanto se divertia cantando ela?
Você pode ser um doente pedófilo, mas desta vez você mexeu com a filha de um
psicopata e agora vai arcar com as consequências em plena noite de natal.
_ Eis que no ar vem cantar... _ Eu disse
enquanto dava diversos socos em seu peito até que não estivesse mais
conseguindo respirar.
_ Aos pastores os anjos dos céus... _ Disse
enquanto cortava toda a sua pele, lentamente enquanto o sangue escorria pelos
cortes em carne viva.
Anunciando a chegada de Deus, de Jesus,
Salvador! _ Disse enquanto pegava um galão de gasolina que havia comprado para
esta vingança.
Nos seus últimos suspiros ele ainda tentava
argumentar, negociar, gritar, ou qualquer outra coisa que pudesse me fazer
parar.
_ Você em momento algum teve pena de minha
filha, por que eu teria de você? _ Respondi as suas suplicas.
_ Mas somos da mesma família, por favor
pare. _ Disse ele antes que eu ateasse fogo em toda sua casa, para que neste
mundo não sobrasse mais nada que já pertenceu a ele.
Quando a polícia e os bombeiros chegaram
não se podia mais ouvir seus gritos, porem em minha mente ainda me sentia em
estado de êxtase, nem consegui responder minha esposa enquanto ela me empurrava
e me batia dizendo:
_ Seu monstro, por que você fez isso?
Fui levado a delegacia que logo me liberou,
porem fui encaminhado a uma clínica psiquiátrica para me tratar.
_ Então foi por isso que você matou seu
próprio irmão? _ Perguntou a psiquiatra.
_ Eu apenas segui o que minha filha me
pediu para fazer. _ Respondi.
_ Mas como isto seria possível? Sua filha
morreu a cinco anos e nunca ninguém veio te visitar. _ Disse a psiquiatra antes
que a sessão terminasse.
_ Você ama sua filha doutora? Garanto que
em meu lugar a senhora teria feito a mesma coisa, minha filha me disse. _ Disse
enquanto entrava em meu quarto daquele sanatório.
_ Tenha um feliz natal doutora, agora que
estou aqui passo todos os natais com minha filha, ela me disse que logo você e
sua filha nos faram companhia. Cuidado com o boneco do papai Noel, nem sempre
ele é quem parece. _ Eu disse vendo o rosto da doutora mudar para uma face
preocupada, lembrando do grande boneco de papai Noel em sua sala ao lado da
árvore de natal que sua filha costuma brincar no natal.
A doutora vai se afastando da sala, com
pressa de ver a sua filha enquanto houve minha voz pelo corredor cantando:
_ Noite feliz, noite feliz...
Relato de uma ficção porém se formos pensar bem infelizmente temos vistos muitas situações perecidas na vida real. Parabéns ao autor pela reflexão.
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